O ex-ministro do Turismo Gilson Machado, que integrou o governo de Jair Bolsonaro, foi preso e solto no mesmo dia. Ele foi detido na manhã de sexta-feira (13), no Recife, por ordem do ministro Alexandre de Moraes. O motivo? Suspeita de ter ajudado o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, a tentar conseguir um passaporte português.

Cid, que hoje é delator nas investigações sobre a tentativa de golpe de Estado, teria tentado obter cidadania portuguesa logo após os ataques de 8 de janeiro. A PF (Polícia Federal) apura se Gilson Machado facilitou esse processo para que Cid escapasse de uma eventual prisão.

Apesar da prisão logo cedo, o STF decidiu soltá-lo no fim do mesmo dia. Moraes entendeu que manter Gilson preso já não era mais necessário, já que as primeiras medidas de investigação foram cumpridas – como a apreensão dos celulares e o depoimento do próprio ex-ministro.

Ex-ministro de Bolsonaro foi preso na última sexta-feira (13) – Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

A PGR (Procuradoria-Geral da República) também havia sugerido na audiência de custódia que a prisão fosse substituída por medidas mais leves.

Com isso, Gilson Machado foi colocado em liberdade, mas terá que seguir uma série de restrições: está proibido de deixar o país, teve o passaporte cancelado, não pode manter contato com outros investigados e precisará se apresentar à Justiça a cada 15 dias.

Mauro Cid nega tentativa de fuga

No mesmo dia da prisão de Gilson Machado, Mauro Cid foi ouvido pela PF. Ele negou qualquer intenção de fugir do Brasil, embora sua família tenha viajado para os Estados Unidos no mês anterior.

A defesa de Cid afirma que o pedido de cidadania portuguesa foi feito em janeiro de 2023, pouco depois dos ataques às sedes dos Três Poderes, mas por motivos familiares – sua esposa e filhas já têm cidadania portuguesa.

Polícia apura tentativa de fuga de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro – Foto: Lula Marques /Agência Brasil

Segundo os advogados, a carteira de identidade portuguesa já foi emitida e enviada em 2024, mas seria apenas um documento válido para identificação em Portugal, sem ligação com planos de fuga.

Conforme a CNN, Moraes, ao mandar soltar Gilson Machado, reconheceu que há indícios de que ele tentou ajudar Cid a escapar da Justiça, mas considerou que a prisão, neste momento, já surtiu o efeito necessário para o andamento das investigações.

O que disse Gilson Machado após deixar a prisão

Gilson Machado ficou preso em uma cela isolada dos outros detentos, no Cotel (Centro de Observação Criminológica Professor Everardo Luna), em Abreu e Lima, na região metropolitana do Recife. Ele foi liberado por volta das 23h de sexta.

Ao sair da unidade, o ex-ministro falou com a imprensa e disse que tudo não passou de um “mal-entendido”.

Ex-ministro de Turismo conversou com a imprensa após deixar a prisão – Foto: X/Reprodução/ND

“É importante salientar que a revogação da prisão foi feita pela mesma pessoa que decretou, que foi o ministro Alexandre de Moraes. E estou pronto para qualquer esclarecimento que porventura seja oriundo desse mal-entendido”, disse o ex-ministro.