Trump assina decreto para cortar financiamento de rádio e TV públicas
Republicano acusa NPR e PBS de parcialidade; ONG fala em 'alarmante deterioração da liberdade de imprensa' nos EUA

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou um decreto na noite desta quinta-feira (1º) para cortar o financiamento da NPR e da PBS. Trata-se da mais recente tentativa do republicano de usar o orçamento federal contra instituições das quais ele desconfia.
O documento instrui a CPB (Corporação de Radiodifusão Pública), que distribui financiamento para a rádio NPR e a emissora PBS, a "cessar o financiamento direto" a esses veículos. O texto classifica as duas empresas como partidárias e tendenciosas.
"O Conselho da CPB deve cancelar o financiamento direto existente na extensão máxima permitida por lei e deve recusar-se a fornecer financiamento futuro", diz o decreto.
Ambos os veículos já afirmaram anteriormente que as ofensivas de Trump interromperiam serviços essenciais de mídia e impactariam os americanos que dependem deles para notícias locais e nacionais confiáveis, inclusive durante situações de emergência.
A medida ocorre em um contexto mais amplo de ataque a instituições acadêmicas e veículos de comunicação nos EUA.
Desde que voltou à Casa Branca, Trump rotulou diversas dessas entidades de esquerdistas, marxistas e tendenciosas, ameaçando cortar o financiamento delas —a lista inclui Harvard e Columbia, duas das melhores universidades do mundo. Defensores dos direitos humanos levantam preocupações sobre liberdade de expressão e liberdade acadêmica.
A ONG Repórteres Sem Fronteiras, por exemplo, alertou nesta sexta sobre "uma deterioração alarmante da liberdade de imprensa" nos EUA.
Além disso, o segundo mandato de Trump tem sido marcado por uma campanha de redução de custos encabeçada por seu aliado Elon Musk que resultou no desmantelamento e na tentativa de desmonte de várias agências do governo, além da demissão de mais de 200 mil funcionários federais.
O governo também tentou fechar a Voz da América, a Rádio Ásia Livre e as Redes de Radiodifusão do Oriente Médio, cujas transmissões de notícias são financiadas pelo Estado. No final de abril, um juiz federal ordenou que a gestão interrompesse esses esforços.
A ordem de quinta-feira de Trump também visa suspender o financiamento indireto para a NPR e PBS, pedindo à CPB que garanta "que licenciados e permissionários de estações de rádio e televisão públicas, bem como quaisquer outros beneficiários de fundos da CPB, não usem fundos federais para a NPR e PBS."
A CPB processou a Casa Branca na segunda-feira depois que Trump tentou demitir três dos seus cinco membros do conselho. A corporação sem fins lucrativos foi criada pelo Congresso em 1967 e fornece financiamento para mais de 1.500 estações de rádio e TV públicas gerenciadas localmente.
O CPB processou a Casa Branca na segunda-feira, após Trump tentar demitir três de seus cinco membros do conselho. A organização sem fins lucrativos foi criada pelo Congresso em 1967 e financia mais de 1.500 emissoras de rádio e TV públicas administradas localmente.
Diversos veículos de comunicação noticiaram que a Casa Branca planeja solicitar ao Congresso a rescisão de US$ 1,1 bilhão em financiamento para o CPB, sendo o valor equivalente a dois anos de financiamento.
A NPR tem mais de 900 funcionários, de acordo com seu site. O número exato de funcionários na PBS não foi imediatamente esclarecido, embora uma reportagem tenha informado que a empresa tinha mais de 550 funcionários no final de 2022.
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