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Rio Branco,25/06/2025

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Câncer de mama: mulheres com pouca massa muscular têm pior prognóstico

Estudo da USP mostra que a composição corporal pode influenciar na eficácia do tratamento contra o câncer e na chance de sobrevida


Câncer de mama: mulheres com pouca massa muscular têm pior prognóstico Getty Images

Manter a massa muscular preservada pode fazer a diferença no tratamento do câncer de mama. Mulheres com menor quantidade de músculo no corpo tendem a ter pior resposta à quimioterapia, mais efeitos colaterais e menor taxa de sobrevida, de acordo com um estudo conduzido na Universidade de São Paulo (USP), com apoio da Fapesp.

Os resultados, publicados na revista Discover Oncology em 27 de fevereiro, mostram que pacientes com baixa massa muscular no momento do diagnóstico apresentaram um prognóstico menos favorável. Ou seja, correm maior risco de complicações e progressão da doença.

Os pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP (FMRP-USP) explicam que a musculatura tem papel fundamental na regulação da inflamação, no metabolismo e na absorção de medicamentos, o que ajuda a explicar os desfechos menos positivos nas mulheres com composição corporal comprometida.

“Mulheres com câncer de mama são predispostas à perda de massa e à diminuição da força ao longo do tratamento. Essas alterações podem prever desfechos adversos, como maior toxicidade da quimio e até mortalidade”, afirma a nutricionista Mirele Savegnago Mialich Grecco, autora do artigo e pesquisadora do Departamento de Ciências da Saúde da FMRP-USP, em comunicado.

Avaliação antes do início da quimioterapia

O estudo foi feito a partir da análise de 54 pacientes atendidas no Ambulatório de Mastologia do Hospital das Clínicas da FMRP-USP. Todas haviam sido diagnosticadas com câncer de mama em estágio inicial e ainda não tinham iniciado o tratamento.

Antes da quimioterapia, passaram por tomografias, testes físicos e exames de sangue. Também foi avaliado o ângulo de fase, uma medida obtida por bioimpedância que reflete a integridade das membranas e, indiretamente, a qualidade da composição corporal.

Cinco anos depois, ao consultarem os prontuários médicos, os pesquisadores observaram que mulheres com baixa massa muscular tiveram menor taxa de sobrevida, independentemente da idade ou do estágio do câncer. A mesma associação foi identificada entre aquelas com menor ângulo de fase (uma medida obtida na análise da bioimpedância).

Embora a tomografia computadorizada forneça uma medida precisa da massa muscular, ela nem sempre está disponível na prática clínica. Por isso, os pesquisadores sugerem que o ângulo de fase, obtido por um aparelho portátil e de baixo custo, seja incorporado como ferramenta auxiliar na avaliação dessas pacientes.

“É um método rápido e acessível, mas que exige conhecimento específico para interpretação correta”, destaca Grecco.

Massa muscular preservada pode significar tratamento mais eficaz

Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de mama é o que mais mata mulheres no Brasil. Entre 2023 e 2025, a estimativa é de quase 74 mil novos casos por ano. Só em 2023, mais de 60 mil casos foram registrados no Sistema Único de Saúde (SUS), sendo 11% deles em mulheres com menos de 40 anos.

baixa massa muscular está presente em até 40% das pacientes com câncer de mama, especialmente naquelas com sobrepeso ou obesidade, um fator que pode mascarar a real composição corporal.

“Muitas vezes o excesso de peso passa a impressão de que está tudo bem, mas a paciente pode ter pouca massa muscular. Se a gente não avaliar profundamente, essa perda passa despercebida”, explica Grecco.

O objetivo do estudo, segundo a pesquisadora, é incentivar a adoção de estratégias práticas para monitorar a saúde muscular das pacientes desde o início da jornada oncológica. Isso inclui intervenções como aumento do consumo de proteínas e programas de atividade física, respeitando a condição clínica de cada mulher.

“A ideia não é ganhar músculo, mas evitar perdas maiores e preparar melhor o corpo para suportar o tratamento. É um cuidado que pode ter impacto real na vida dessas pacientes”, conclui.





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