O diretor da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), Rafael Grossi, alertou nesta sexta-feira (20) que um ataque israelense à usina nuclear de Bushehr, no Irã, pode provocar uma catástrofe nuclear. Apesar de ainda não haver liberação de radiação, o risco de um desastre ambiental é alto, segundo Grossi.

O chefe da AIEA afirmou ao Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) que, em caso de impacto direto na usina, a emissão de radioatividade seria “muito elevada”, ameaçando a população e o meio ambiente na catástrofe nuclear. Grossi também reforçou que a agência está preparada para garantir a inspeção internacional do programa nuclear iraniano e verificar se o país, de fato, está produzindo armas nucleares.

O ataque israelense que pode gerar catástrofe nuclear

Na quinta-feira (19), ataques israelenses já haviam danificado prédios na instalação de Arak, no distrito Central do Irã. A cidade abriga uma usina nuclear que é considerada inativa por Israel, mas teria potencial para ser reativada e usada em programa armamentista, alegam autoridades israelenses.

A ofensiva militar israelense começou em 13 de junho com o que Israel chamou de “ataque preventivo”. O objetivo, segundo o governo de Benjamin Netanyahu, é impedir que o Irã desenvolva armas nucleares. Desde então, instalações militares e nucleares iranianas têm sido alvos de bombardeios intensos.

A usina de Arak, no Irã, tem radiação suficiente para gerar uma catástrofe nuclear, alerta AIEA – Foto: Imagem de Satélite/Maxar Technologies/Reprodução/ND

Mais de 60 caças israelenses participaram dos ataques. A ofensiva incluiu o uso de 120 munições contra fábricas de mísseis e centros de pesquisa como a SPND (Organização de Inovação e Pesquisa Defensiva do Irã), ligada ao desenvolvimento de armas avançadas. O governo iraniano classificou os bombardeios como ilegais e exigiu ação do Conselho de Segurança da ONU.

Em retaliação, o Irã lançou dezenas de mísseis balísticos contra Israel nesta sexta (20), atingindo cidades como Haifa, Tel Aviv e Bersheeva. Ao menos 23 pessoas ficaram feridas. Um dos alvos foi o porto de Haifa, causando grandes danos materiais.

ONU observa o conflito que pode terminar em catástrofe nuclear e tenta negociações

A escalada ocorre em meio a negociações diplomáticas em Genebra, na Suíça (onde há umas das sedes da ONU), que tentam conter o conflito e definir o futuro do programa nuclear iraniano. Diplomatas europeus e iranianos têm buscado um acordo, mas o governo do Irã condiciona o diálogo ao fim dos ataques israelenses.

ONU tenta negociar, em Genebra, o fim do conflito que pode provocar catástrofe nuclear – Foto: ONU/Reprodução/ND

O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que o mundo “corre em direção a uma crise” e apelou pelo fim imediato das hostilidades. Já a Rússia acusou os países ocidentais de agirem com dois pesos e duas medidas e de contribuírem para a escalada militar.

Protestos em apoio ao Irã se espalharam pelo Oriente Médio. Em cidades como Teerã, Tabriz e Mashhad, milhares saíram às ruas, queimando bandeiras de Israel e dos Estados Unidos, e gritando palavras de ordem contra o que chamam de “agressão sionista”.

*Com informações do Estadão Conteúdo