CBF confirma Carlo Ancelotti como técnico da Seleção Brasileira

Rio de Janeiro, RJ, 12 (AFI) – A Confederação Brasileira de Futebol oficializou nesta segunda-feira o que há meses era tratado como quase certo: Carlo Ancelotti será o novo técnico da Seleção Brasileira até a Copa do Mundo de 2026. O treinador italiano, multicampeão na Europa, assume a equipe para os próximos jogos das Eliminatórias, contra Equador e Paraguai, no mês que vem. A nomeação encerra uma longa novela e escancara mais uma vez a aposta da CBF em prestígio internacional como solução para problemas internos que a própria entidade se recusa a enfrentar.
Ancelotti, de fato, tem currículo. É o maior campeão da história da Champions League, com cinco conquistas – duas como jogador e três como treinador. Foi campeão nas cinco principais ligas europeias (Inglaterra, Itália, Alemanha, França e Espanha) e dirigiu gigantes como Milan, Chelsea, Real Madrid, PSG e Bayern de Munique. O discurso oficial, no entanto, parece ignorar que o italiano deixa o Real Madrid após uma temporada decepcionante, marcada por quedas precoces em torneios como a Liga dos Campeões e a Copa do Rei, além de sucessivas derrotas para o Barcelona em jogos decisivos.
Curiosamente, esse mesmo treinador quase desembarcou no Brasil em 2024, quando seu nome foi tratado como prioridade por Ednaldo Rodrigues. Como o acordo não se concretizou naquele momento, a CBF passou um ano improvisando. Primeiro, entregou a Seleção a Ramon Menezes, que somou atuações vexatórias e resultados pífios. Depois, apostou em Fernando Diniz, numa tentativa híbrida entre o que chamaram de “interino de luxo” e “técnico experimental”, que terminou sem rumo. Por fim, Dorival Júnior assumiu, tampando mais um buraco enquanto a entidade esperava Ancelotti terminar sua temporada no Real.
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O tom da CBF na apresentação é sintomático. “O maior técnico da história comandará a maior Seleção do planeta”, exaltou Ednaldo, com uma pompa que nem sempre foi vista em relação a treinadores brasileiros. O endeusamento do italiano contrasta com o desprestígio recente da camisa pentacampeã, tratada como trampolim ou laboratório por parte dos próprios dirigentes. Enquanto nomes como Jorge Jesus e Abel Ferreira também eram ventilados, não houve sequer tentativa pública de prestigiar técnicos brasileiros consolidados, numa postura que reforça o complexo de inferioridade da CBF frente ao futebol europeu.
A promessa, agora, é de uma “nova era”, com reuniões já programadas para montar a primeira convocação. Ancelotti encontrará um ambiente pressionado, uma torcida impaciente e uma Seleção desmoralizada por eliminações precoces em Copas A missão é clara: conquistar o hexacampeonato. Mas o caminho até lá não será pavimentado apenas por currículo.
O Brasil aposta suas fichas em um nome de peso que não vive seu auge, após desperdiçar um ano em experimentos mal explicados. Resta saber se o prestígio europeu será suficiente para apagar os erros da gestão Ednaldo e recolocar a Seleção no topo – ou se a conta chegará mais uma vez no campo, onde os nomes não jogam sozinhos.
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