Autismo: do discurso à ação — inclusão exige mais que conscientização

Apesar dos avanços no debate público e na ciência, a inclusão de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) ainda esbarra em mitos, preconceitos e falta de políticas públicas efetivas. A crescente presença do tema na mídia e nas redes sociais tem contribuído para a conscientização, mas especialistas alertam: é hora de transformar informação em atitude.
O TEA é uma condição do neurodesenvolvimento caracterizada por dificuldades na comunicação, na interação social e por padrões de comportamento restritos e repetitivos. Os sintomas variam de intensidade, tornando cada diagnóstico único. Embora muitos casos sejam identificados na infância, o número de diagnósticos em jovens e adultos tem aumentado, o que reforça a necessidade de ampliar o acesso ao diagnóstico correto e à orientação especializada.
Desde 2013, com a atualização do Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais (DSM-5), todas as variações dentro do espectro passaram a ser reunidas sob o termo técnico “Transtorno do Espectro Autista”, o que facilitou a compreensão clínica, mas ainda há lacunas significativas quando se trata do suporte prático às famílias e à inclusão dos autistas na sociedade.
Em Rio Branco e em muitas outras cidades brasileiras, pessoas com TEA enfrentam obstáculos diários em escolas, unidades de saúde, ambientes de trabalho e até mesmo em espaços públicos. A ausência de adaptações, o despreparo de parte dos profissionais e a exclusão silenciosa afetam o bem-estar e a autonomia de milhares de cidadãos.
Organizações sociais, como a Fundação Autismo e Realidade, têm se dedicado a oferecer apoio, cursos e materiais informativos para familiares e profissionais da área. A iniciativa busca não só conscientizar, mas também capacitar e apoiar famílias na construção de rotinas mais funcionais e saudáveis.
Datas como o Dia Mundial da Conscientização do Autismo, em 2 de abril, e o Abril Azul são momentos importantes de visibilidade. No entanto, especialistas alertam que essas campanhas não devem se limitar a postagens nas redes. É preciso transformar o simbolismo em políticas públicas, inclusão real e oportunidades concretas para pessoas com TEA — especialmente no mercado de trabalho e nas atividades culturais e sociais.
Além disso, é urgente que gestores públicos e legisladores se mobilizem para garantir estrutura de diagnóstico precoce, tratamento especializado e acompanhamento contínuo, sobretudo nas redes públicas de saúde e educação.
Cada ação conta. A inclusão de crianças, jovens e adultos com autismo não é apenas uma questão de empatia — é um compromisso com a construção de uma sociedade justa, plural e verdadeiramente inclusiva.
Com informações O Globo
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