Ali Shadmani: quem foi o chefe de operações militares do Irã morto em ataque israelense

O comandante militar do Irã, Ali Shadmani, morto na madrugada desta terça-feira (17), era considerado uma figura central no planejamento militar iraniano.
Shadmani havia sido nomeado, há apenas três dias, como novo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas em tempos de guerra do Irã, substituindo o general Gholam Ali Rashid, morto também por Israel durante a operação inicial da ofensiva, batizada de “Leão em Ascensão”.
A ofensiva foi realizada pelas Forças de Defesa de Israel (IDF), que afirmam ter agido com base em informações de inteligência que identificaram uma rara oportunidade de atingir o comandante em pleno centro da capital iraniana.
A morte de Shadmani representa mais um duro golpe para a estrutura de comando militar iraniana no momento em que os confrontos com Israel atingem níveis sem precedentes.
Figura central no planejamento militar iraniano, Ali Shadmani era o comandante do Quartel-General de Emergência Khatam al-Anbiya, órgão responsável pela coordenação de ataques, lançamento de mísseis e drones, e por aprovar planos de fogo em ações contra Israel. Em sua trajetória anterior, atuou como vice-comandante desse mesmo centro e como chefe da Diretoria de Operações do Estado-Maior Geral. O general era descrito como um dos militares mais próximos ao líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, de quem recebia orientação direta. Sua ascensão ao topo do comando operacional refletia a confiança depositada por Khamenei em sua capacidade estratégica. Sob sua supervisão, estavam tanto o Exército regular quanto a Guarda Revolucionária, braço ideológico e paramilitar do regime iraniano.
Sua carreira militar foi marcada pela execução de operações coordenadas no exterior e pelo fortalecimento da doutrina defensiva do regime islâmico. Ele teve papel ativo em campanhas militares indiretas por meio de milícias aliadas em países como Síria, Líbano e Iraque. Também foi apontado como articulador de ataques cibernéticos e de estratégias de guerra híbrida.
A base atingida por Israel na noite de segunda-feira abrigava operações sensíveis do alto escalão militar iraniano. Segundo as IDF, a ação visava desmantelar as capacidades ofensivas do Irã, minando sua estrutura de comando e resposta.
A operação que resultou na sua morte ocorreu em meio ao quinto dia de um confronto aberto entre Israel e Irã, desencadeado após ataques israelenses que visaram instalações nucleares e centros de comando iranianos. Até o momento, mais de 220 pessoas teriam morrido em território iraniano, incluindo outros líderes militares e cientistas ligados ao programa nuclear do país.
O impacto da morte de Ali Shadmani é significativo não apenas do ponto de vista militar, mas também simbólico. Ele era considerado o arquiteto das respostas ofensivas do Irã às ameaças externas, sobretudo aos ataques israelenses. Sua eliminação cria um vácuo operacional em um momento crítico, quando Teerã tentava reagrupar suas forças.
Apesar do silêncio oficial do governo iraniano, o assassinato de Shadmani deve gerar uma escalada no conflito. Autoridades militares do Irã prometeram continuar os ataques com mísseis e drones contra alvos israelenses. A Guarda Revolucionária anunciou nesta terça-feira (17) uma nova onda de ofensivas que, segundo o general Kiyumars Heidari, prosseguirá “sem interrupção até o amanhecer”.
A operação israelense contra Shadmani também tem implicações diplomáticas. O episódio levou o G7 a pedir uma desescalada no conflito e pressionou potências como França, Alemanha e Reino Unido a tentarem retomar negociações sobre o programa nuclear iraniano. Donald Trump, presidente dos EUA, chegou a pedir publicamente que os habitantes de Teerã deixassem a cidade “imediatamente”.
Israel, por sua vez, defende que está desmantelando, “um a um”, os líderes responsáveis por ameaças diretas ao país. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou que o objetivo final é impedir que o Irã desenvolva armamentos nucleares — algo que Teerã nega — e que eliminar figuras como Shadmani é parte essencial dessa estratégia.
Além de ter sido a mente por trás de operações militares contra Israel, Shadmani era visto como um dos últimos generais com autonomia e trânsito tanto na hierarquia militar tradicional quanto na política religiosa do regime. Sua morte aprofunda a crise interna de comando nas Forças Armadas iranianas e gera incertezas sobre a continuidade da atual linha estratégica de enfrentamento.
Em meio ao cenário caótico, o Irã ainda não definiu um sucessor claro para Ali Shadmani. A expectativa é que o vácuo de poder no comando militar leve a disputas internas dentro da cúpula das Forças Armadas e da Guarda Revolucionária, o que pode afetar a capacidade de resposta de Teerã nos próximos dias.
*Com informações do R7.
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